sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Providência divina e violão

Robert Johson - arranhava o violão
O relacionamento do sr. Violão com d. Boêmia é algo público, todo mundo sabe. É o enlace mais perfeito de todos os tempos - posso usar chavões a torto e a direito, ainda não me tornei escritor. Aproveito a publicidade desse lindo casamento e teço considerações acerca das ilustres figuras e as implicações na minha vida. Peço licença e transformo num triângulo amoroso.

O violão é aquele instrumento fascinante, sedutor e demais adjetivos. Se bem tocado, é encatador. Aí mora o perigo. Parece fácil virar violinista, só parece. O incauto é seduzido e tome gastar dedos e grana no aprendizado do bendito. Acreditando que todo mundo pode virar Baden Powell a partir do método cifrado. Puro engano. Requer muita dedicação e aquela coisinha vaga chamada talento.

Por que o violão atrai? O instrumento equivale a uma orquestra de madeira e corda. É muito mais complexo: o formato do instrumento lembra o símbolo matemático que exprime o infinito. Tá perto. Se o infinito é relacionado a Deus - pode chamar por outro nome. Aprendemos a tocar violão para ficar próximos das forças divinas. Há quem faça negociações para dominar o negócio. O bluesman Robert Johson que o diga.

Sei que o violão impressiona. Tive minha experiência com o pinho. Me imaginava pela noite. Cantar e tocar seriam os verbos conjugados nas bebedeiras da vida.  Deu errado. Exercícios e mais exercícios. Resultado? Experiência para contar e nada mais. Me esforcei e a maestria do Yamandu Costa passou longe. A frustração me abraçou. Por que todo mundo consegue e eu não? Sobraram perguntas e nenhuma nota musical. Aprendi mais uma coisa, desconfie das pessoas que pronunciam "eu sei bater violão". Quem diz isso é incapaz de extrair a beleza do instrumento.

Tive dificuldade em compreender o porquê. Até que um dia, fui tocado por uma fagulha de bom-senso. Todo mundo vê Deus ou Jesus como consultor de carreira. Quem nunca ouviu a célebre e categórica afirmação dos ditos crentes "Deus tem um plano para minha vida". Gostaria de carregar tanta certeza. Deus dificultou a entrada de dr. Violão na minha vida para me afastar da intensa d. Boêmia. Se tivesse me tornado catedrático em violão, teria morrido mais cedo nos braços da esposa do sr. Violão. E os quarenta ano seriam um sonho longiquo.

2 comentários:

  1. Parabéns pela postagem Sérgio! Muito criativa.

    Em termos de violão e Boemia, você foi convidado para o casamento, mas não para dizer o "sim".

    Continue nas letras. Nelas você pode até conseguir uma parceira certinha ou uma aventura amorosa.

    ResponderExcluir
  2. Além da falta de talento para tocar, meus dedos dão muito curtos e eu não conseguia alcançar todas as cordas. Mas isso não me impediu de abraçar a vida boêmia. Meus dedos são curtos, por~em competentes para abraçar um copo ao som de Robert Johnson.

    Abraço.

    ResponderExcluir